Xereta da arte! foi criado para falar, discutir e viver teatro. Ele é democrático, leve, descontraído e despretensioso e tem a finalidade de enriquecer e evoluir nossas almas, enaltecendo essa arte tão especial!
Nele eu, Isabella, vou xeretar algumas peças em cartaz, e dar meu parecer e trocar opiniões com você, leitor. Então, merda pra todos nós!

domingo, 5 de junho de 2011

A crônica da casa assassinada

Texto: Lucio Cardoso
Adaptação: Dib Carneiro Neto
Direção: Gabriel Villela
Elenco: Xuxa Lopes, Cacá Toledo, Flávio Tolezani, Hélio Souto Jr., Letícia Teixeira, Marco Furlan, Maria do Carmo Soares, Pedro Henrique Moutinho, Rogério Romera, Sérgio Rufino

Sexta feira fui a estréia da peça "A crônica da casa assassinada" com uns amigos da CAL, no teatro Maison de France, no Centro do Rio. Recebemos convites da CAL para assistirmos. Eu nem sabia do que se tratava a peça direito... mas logo percebi o peso dela com a presença de Fernanda Montenegro, Marieta Severo, Renata Sorrah, Andrea Beltão e José Wilker. O diretor Gabriel Villela encena a adaptação do livro de Lúcio Cardoso, escrito em 1959, sobre uma aristocrata família mineira, os Meneses, mostrando sua ruína envolvendo segredos, mentiras, traição, relações de amor e ódio, tudo isso mostrando o clima mórbido que está na alma da casa e que condena toda a família.


O cenário já mostra o clima pesado e sombrio da casa. A peça se passa na sala da casa, onde tudo acontece. Todos os elementos que compoem o cenário são usados. Alguns elementos são usados para representar outros, como por exemplo, uma camisola e um hobby que fazem o papel de um portão. O figurino e maquiagem são importantíssimos para nos transmitir o espírito mórbido daquela decadente família. O personagens estavam pálidos, com maquiagem pesada, e roupas da época. O texto é complexo, cheio de detalhes, mostrando a essência transtornada da casa, repleto se simbolismos e não possui uma ordem cronológica, dispensando as relações de causa e efeito.Os atores, todos excepcionais! Destaque para o trabalho de corpo de todos eles... magnífico! A forma como se movimentam, se comunicam, se comportam com o uso total do palco, é brilhante, além das cenas onde todos se movimentam juntos... arrasaram! O trio masculino tem sintonia, carisma, trabalham muito bem juntos. Destaque para Sérgio Rufino com seu trabalho excelente com o movimento do corpo e relação com seu figurino e para Letícia Teixeira... surreal sua expressão corporal e facial, de emocionar. A peça busca o tempo todo chocar, descontruindo com o uso da sexualidade, do bizarro. Porém acho que em alguns momentos isso foi tão forte que teve destaque maior do que a própria história, nos desviando a atenção. E ainda, em alguns momentos a sexualidade foi usada de forma exagerada, em cenas que não era tão necessária, como a cena do "sexo oral" e pecou pela falta quando realmente era necessária, como na falta do nu da personagem Nina, a grande "devassa" da história.

Uma peça impactante, forte... chega ao bizarro. Surpreendente, nem um pouco óbvia, e com um trabalho artístico impressionante. Belo trabalho teatral.

2 comentários:

  1. Parabéns pelo blog.
    Quero muito ver essa peça.
    Li o livro duas vezes...uma obra prima!

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  2. Obrigada! Que bom que gostou. Não li a peça, mas agora quero muito ler!! rss Se prepare para ter fortes emoções na peça... ela surpreende!

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