Xereta da arte! foi criado para falar, discutir e viver teatro. Ele é democrático, leve, descontraído e despretensioso e tem a finalidade de enriquecer e evoluir nossas almas, enaltecendo essa arte tão especial!
Nele eu, Isabella, vou xeretar algumas peças em cartaz, e dar meu parecer e trocar opiniões com você, leitor. Então, merda pra todos nós!
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domingo, 3 de abril de 2011
A escola do escândalo
Texto: Richard Brinsley Sheridan
Adaptação e direção: Miguel Falabella
Elenco: Ney Latorraca, Maria Padilha, Jacqueline Laurence, Bruno Garcia, Guida Vianna, Bianca Comparato, Rita Elmôr, Edi Botelho, Chico Tenreiro, Armando Babaioff
E pra fechar muito bem o final de semana, hoje fui assistir "A escola do escândalo" com o meu irmão Marquinho, no teatro Tom Jobim. É a história de um casal, em crise. Ela é uma ex-camponesa ambiciosa. Ele é um burguês enriquecido, com o título de comendador. Ao redor, muitas situações que envolvem duplicidade de caráter, heranças e seduções. Miguel Falabella trabalhou o clássico de Sheridan por anos para chegar a uma encenação atual; o original tem cerca de sete horas, 23 personagens e cinco atos.
Logo de cara percebemos o cuidado com os detalhes e com o glamour. As cortinas vermelhas e a moldura do palco mostram isso, já nos levando ao clima daquela época. Ney Latorraca inicia narrando a história, com uso de versos deliciosos, e ao longo da peça, os próprios personagens vão apresentando as cenas, localizando onde a cena se passará. A narrativa está em harmonia com a história. O cenário é simples, com poucas trocas, porém muito luxuoso em seus imensos lustres e espelhos. Um ponto alto e que deu charme e encanto são os 3 sistemas giratórios no piso do palco, que dão movimentos circulares aos personagens. O tetro de hoje volta a usar artifícios de palco muito comuns no teatro grego! O figurino e maquiagem muito marcantes, chamando bastante atenção em suas perucas diversas, roupas bordadas e com riqueza de cores, e maquiagem carregada. O texto com a preocupação do linguajar rebuscado da época, porém tratando de um assunto tão atual, de toda essa relação de falsidade, ganância entre outras relações do homem. A comédia em si é bem sutil, e acho que cabia uma "pitada" maior de sarcasmo e menos pudor, uma vez que a peça e os personagens são fortes e intensos, tendo maior destaque do que o próprio texto. O que senti é que, para uma peça que tem o escândalo no nome, o escândalo mesmo foi mostrado só no final. Ney Latorraca (comendador Pedro Atiça) e Maria Padilha (Rosália), são um casal em introsado no palco, ela como uma nova rica, mulher fútil e deslumbrada que sai do campo para a corte e só quer saber de gastar o dinheiro do marido, com todo tipo de futilidade. O comendador é o único que não cultiva o hábito da fofoca - é o homem de caráter que difere dos demais por não sucumbir à maldade. É tio de Maria (Bianca Comparato), cuja mão é disputada por um jovem bom, Carlos (Armando Babaioff) e outro mau caráter, José, seu irmão (Bruno Garcia). Dona Benferina (Rita Elmôr), tia dos dois, se dedica a acabar com a reputação de Carlos, com a ajuda de outros personagens que adoram intriga, como Dona Cândida (Jacqueline Laurence). Todos estão muito bem na peça e preparados, mas merecem seu destaque Ney Latorraca, Jacqueline Laurence e Bruno Garcia, já tão consagrados, e Armando Babaioff que surpreende! A mensagem da história não é previsível. Contrói o tempo todo uma linha de pensamento moral, e termina por destruir o que seria o final feliz, fazendo da peça mais interessante por torná-la mais humana.
Para "A escola do escândalo" só faltou o que chamo de "pimenta" maior, mas de resto, ela é maravilhosa.
Definitivamente, um ótimo final de semana cultural!!
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