Autor do livro "A alma imoral": Nilton Bonder
Direção: Amir Haddad
adaptação, concepção cênica e interpretação: Clarisse Niskier
Ontem fui assistir "A alma imoral" com meu pai, meu irmão, minha madrasta e o filho dela, em SP, no teatro
Teatro Cultura Artística Itaim. Aproveitei que fui passar o feriado da páscoa em SP com meu pai para assistir uma boa peça, é claro. Muito recomendada por algumas pessoas, a peça se mostrou surpreendente e extremamente genial em sua forma e colocações. Me fez perceber que uma boa peça, mesmo com muita técnica e disciplina, tem que ter muita essência e liberdade para ser o que quiser, e como quiser.A peça surgiu pela necessidade de Clarisse em dar uma "resposta" a uma espectadora de um programa de entrevistas que participou, onde declarou que era uma judia-budista, pois havia nascido judia, mas acabou se aproximando do budismo através do teatro, e este estava ajudando ela a entender melhor o judaísmo. A espectadora enviou um fax para o programa recriminando sua postura. Como se tratava de uma mesa redonda sobre religião, o rabino Nilton Bonder, presente no programa, a defendeu publicamente, e ao final do programa, deu o livro "A alma imoral" para Clarisse, que o leu. Depois desse livro, Clarisse resolveu montar a peça para mostrar ao público uma nova forma de ver a vida. A peça descontrói e reconstrói conceitos milenares, a forma de ver o corpo e a alma, o certo e o errado, traidor e traído, obediente e desobediente. Faz comparações sobre a religião e a biologia. Deseja mostrar que nossa tarefa no mundo é transcender a nós mesmos.
O cenário é todo preto, e só existe uma cadeira preta, um pano preto e um copo de água. A peça já começa descontruindo tudo. A atriz sobe ao palco e começa a explicar o porquê da peça, nos pede para sermos neutros em nossas avaliações e ainda diz que em um momento da peça ela vai beber água, e nesse momento a platéia está liberada para pedir que ela repita algum trecho anterior que não tenha sido bem entendido, uma vez que ela irá entrar numa reflexão profunda sobre algumas questões. Sem sair do palco ela começa a peça. O figurino é desnecessário. Ou melhor, o melhor figurino é o próprio corpo. A atriz permanece a maior parte da peça nua, apenas transfomando um pedaço de pano preto em algumas formas. Clarisse Niskier está plena, confiante, certa do que está fazendo e principalmente do que vai falar. Ela acredita e domina o texto, se mostra bastante calma, precisa e próxima do público, quando estreita uma conversa direta e informal com ele, citando exemplos de coisas que aconteceram em apresentações anteriores da própira peça. Uma atriz tão segura de si que transmite verdade. Uma atuação tão excepcional que emociona e nos faz refletir sobre o que somos, o que vivemos e como queremos viver.
Uma peça profunda, que nos faz refletir sobre nossas vidas. Tudo isso feita de uma forma perfeita e equilibrada. Genial!! Uma forma diferenciada e iluminada de fazer teatro.
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