Xereta da arte! foi criado para falar, discutir e viver teatro. Ele é democrático, leve, descontraído e despretensioso e tem a finalidade de enriquecer e evoluir nossas almas, enaltecendo essa arte tão especial!
Nele eu, Isabella, vou xeretar algumas peças em cartaz, e dar meu parecer e trocar opiniões com você, leitor. Então, merda pra todos nós!

domingo, 24 de abril de 2011

A alma imoral

Autor do livro "A alma imoral": Nilton Bonder
Direção: Amir Haddad
adaptação, concepção cênica e interpretação: Clarisse Niskier

Ontem fui assistir "A alma imoral" com meu pai, meu irmão, minha madrasta e o filho dela, em SP, no teatro
Teatro Cultura Artística Itaim. Aproveitei que fui passar o feriado da páscoa em SP com meu pai para assistir uma boa peça, é claro. Muito recomendada por algumas pessoas, a peça se mostrou surpreendente e extremamente genial em sua forma e colocações. Me fez perceber que uma boa peça, mesmo com muita técnica e disciplina, tem que ter muita essência e liberdade para ser o que quiser, e como quiser.
A peça surgiu pela necessidade de Clarisse em dar uma "resposta" a uma espectadora de um programa de entrevistas que participou, onde declarou que era uma judia-budista, pois havia nascido judia, mas acabou se aproximando do budismo através do teatro, e este estava ajudando ela a entender melhor o judaísmo. A espectadora enviou um fax para o programa recriminando sua postura. Como se tratava de uma mesa redonda sobre religião, o rabino Nilton Bonder, presente no programa, a defendeu publicamente, e ao final do programa, deu o livro "A alma imoral" para Clarisse, que o leu. Depois desse livro, Clarisse resolveu montar a peça para mostrar ao público uma nova forma de ver a vida. A peça descontrói e reconstrói conceitos milenares, a forma de ver o corpo e a alma, o certo e o errado, traidor e traído, obediente e desobediente. Faz comparações sobre a religião e a biologia. Deseja mostrar que nossa tarefa no mundo é transcender a nós mesmos.

O cenário é todo preto, e só existe uma cadeira preta, um pano preto e um copo de água. A peça já começa descontruindo tudo. A atriz sobe ao palco e começa a explicar o porquê da peça, nos pede para sermos neutros em nossas avaliações e ainda diz que em um momento da peça ela vai beber água, e nesse momento a platéia está liberada para pedir que ela repita algum trecho anterior que não tenha sido bem entendido, uma vez que ela irá entrar numa reflexão profunda sobre algumas questões. Sem sair do palco ela começa a peça. O figurino é desnecessário. Ou melhor, o melhor figurino é o próprio corpo. A atriz permanece a maior parte da peça nua, apenas transfomando um pedaço de pano preto em algumas formas. Clarisse Niskier está plena, confiante, certa do que está fazendo e principalmente do que vai falar. Ela acredita e domina o texto, se mostra bastante calma, precisa e próxima do público, quando estreita uma conversa direta e informal com ele, citando exemplos de coisas que aconteceram em apresentações anteriores da própira peça. Uma atriz tão segura de si que transmite verdade. Uma atuação tão excepcional que emociona e nos faz refletir sobre o que somos, o que vivemos e como queremos viver.
Uma peça profunda, que nos faz refletir sobre nossas vidas. Tudo isso feita de uma forma perfeita e equilibrada. Genial!! Uma forma diferenciada e iluminada de fazer teatro.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Shirley Valentine


Texto: Willy Russel
Direção: Guilherme Leme
Elenco: Betty Faria

Domingo fui ver "Shirley Valentine" com alguns amigos da CAL, no CCBB, no Centro. Estava ansiosa por essa peça porque, além de estar sendo muito bem falada, compramos o ingresso a duas semanas atrás. É a história de uma mulher comum, que beira as 50 anos e tem uma vida monótona e solitária com seu marido. Ela então recebe um convite inesperado de sua amiga para passar 15 dias na Grécia, e vê a oportunidade de buscar o autoconhecimento e o resgate da felicidade e da verdadeira Shirley Valentine, perdida em meio a rotina. Shirley Valentine é dirigido por Guilherme Leme e foi traduzido por Euclides Marinho. O texto do dramaturgo Willy Russell foi encenado pela primeira vez em 1986 em Liverpool, na Inglaterra. Em 1989, ganhou adaptação para o cinema com direção de Lewis Gilbert e atuação de Pauline Collins, indicada ao Oscar pelo papel. Pelo papel, Betty Faria recebeu, em 2009, as indicações como melhor atriz ao Prêmio Shell em São Paulo e ao PrêmioContigo de Teatro.

O cenário é bem simples, tão simples que se torna quase um detalhe que apenas reforça a cena em que Shirley está. Poucos elementos que são alterados por uma equipe para mudança de cena. Vale ressaltar a cortina de areia ao fundo na última cena, um espetáculo! A iluminação trabalha muito bem dando foco a alguns pontos, acompanhando o caminhar do texto. A trilha é tão leve quanto a história contada. O figurino, também muito simples, sempre muito "clean" e social, retrata o caráter daquela  mulher tão conservadora, recatada, adormecida no seu dia a dia. Betty Faria, uma só atriz, inicialmente um só personagem... e durante a peça, conforme vai contado a vida da Shirley, nos faz ver o jeito e sentir cada sentimento dos outros personagens como seu marido, sua vizinha e companheira de viagem, sua filha, seu filho e "Cristóvão Colombo". É um monólogo, uma atriz. Porém sentimos como se todos os personagens estivessem ali, vivos, no mesmo instante, com Shirley! A forma como ela docemente muda de postura para imitar cada personagem é muito delicada, sutil, tornando a peça cada vez mais envolvente. Betty nos leva do humor a emoção com muita leveza e carisma... nos faz sentir como se fossemos muito próximos de Shirley. Nos identificamos com a personagem. Acompanhamos com sorriso e tristeza cada palavra dita por ela. Cada gesto e expressão dela é preciso, bem marcado, todas as intenções são percebidas com sutileza. Ela sem dúvidas é uma excelente atriz.

Uma peça doce, leve, envolvente! O tempo passa rápido, que quase nem percebemos que a peça chega ao fim. Simplesmente adorável.

domingo, 17 de abril de 2011

R&J de Shakespeare - Juventude interrompida

Direção: João Fonseca
Elenco: João Gabriel Vasconcellos, Rodrigo Pandolfo, Pablo Sanábio, Felipe Lima
Adaptação: Joe Calarco
Tradução: Geraldo Carneiro
Diretor de Produção: Gustavo Nunes

Ontem fui assistir a peça "R&J de Shakespeare", com alguns amigos da CAL, no teatro Carlos Gomes, no Centro. Não estava na lista das que eu queria assistir, mas a CAL indicou para fazermos a banca do meio do ano. E agradeço muito por ter tido a oportunidade de ver uma peça tão especial. E eu fiquei pensando... nossa, mais uma das tantas adaptações da obra de Shakespeare... o que pode ter de tão diferente? E vos digo: ela conseguiu surpreender de uma forma tão incrível, que me fez ter certeza de que ser atriz é o que eu quero pra mim.
É a história de 4 estudantes de uma escola católica e conservadora, que aproveitam a madrugada na escola para recriar a história de Romeu e Julieta, de Shakespeare, como uma forma de extravasar seus sentimentos, pensamentos e explorar suas possibilidades. Ela vai da comédia a tragédia, de uma forma muito bem dosada e equilibrada. A peça do autor norte-americano Joe Calarco, encenada só por homens, ganha a primeira montagem no Rio, com direção de João Fonseca, encerrando sua "Trilogia das tragédias", composta por "Édipo Unplugged" (2004) e "A falecida" (2008). As três são marcadas pela simplicidade na releitura de uma tragédia grega, uma carioca e uma de Shakespeare.

O cenário é simples, com presença de cadeiras, mesas, quadros negros e giz, tudo muito bem acompanhado pela iluminação brilhante. As mudanças de cenário acontecem com a reorganização dos elementos de cena, onde um pedaço da flauta do estudante vira um frasco com o veneno, o quadro negro vira um chapéu, prendedores de papel viram brincos, mesa vira uma bancada, entre outros. Vale ressaltar como é brilhante toda a atuação em apenas um plano, como por exemplo a cena da bancada de Julieta. Magnífico! Destaque também para a mudança de cenário durante a cena, feita pelos próprios atores em cena, como a bancada de Julieta que muda de ângulo como desenrolar do texto. O figurino merece especial destaque. Todos os quatro atores estão vestidos com um terno avermelhado com forro dourado e camisa branca, uniforme do colégio. Mas esse terno se tranforma eu adaptações das roupas dos personagens de Shakespeare, dependendo da cena, fazendo com que conseguíssemos diferenciar cada personagem interpretado por eles. O terno amarrado na cintura vira uma saia, caido no ombro vira uma encharpe, colocado do avesso vira a roupa do frei. Todas as mudanças de personagens são feitas no próprio palco, afinal são os 4 estudantes usando sua criatividade para transmitir a magia de uma história de amor, sendo assim eles discutem sobre quais vão ser os elementos que vão utilizar nas cenas. Os atores são fantástico! Todos são ex alunos da CAL, e se mostram profissionais impecáveis no palco, nos fazendo perceber como cada técnica que aprendemos deve estar sempre presente com o ator, para que ele realmente seja um verdadeiro ator. Eles interpretam de forma encantadora meninos que brincam com a obra, usam sua imaginação do jeito que querem, contribuindo com sua alegria e até sarcasmo, sem deixar de contar perfeitamente a história. Atores interpretam alunos que interpretam personagens de Romeu e Julieta. Maravilhoso ver como isso acontece no palco. João Gabriel, como Romeu, é realmente um galã, com seu charme e belíssima atuação. Se mostra seguro, preciso, um ator completo. Rodrigo Pandolfo surpreende com sua atuação como Julieta. Ele se transforma realmente em uma mulher aos olhos do público, sem nem precisar estar vestido como uma. Sua atuação é sensível, sem exageros ou estereótipos. Pablo Sanábio é o ator que tira os risos mais sinceros da platéia. Em sua atuação como a ama de Julieta e o Frei Eusébio, ele se mostra uma revelação. Dois personagens tão diferentes e tão bem feitos que são aplaudidos em cena aberta. Felipe Lima se mostra um coadjuvante com menor destaque, mas não menor importância. Se mostra um excelente ator como a mãe de Julieta, e sempre está apoiando os outros atores de forma explêndida. Mas definitivamente o casal formado pelos atores João Gabriel Vasconcellos e Rodrigo Pandolfo é de tirar o fôlego. Num primeiro momento, com a cena de um beijo triunfante entre os dois, somos pegos de surpresa, porém ao longo da peça vamos realmente esquecendo que se tratam de 2 homens e vemos um casal lindo e verdadeiramente apaixonado! Toda essa encenação é reconhecida ao final da peça, quando os atores são aplaudidos por um longo tempo, com gritos e outras manifestações de admiração por um trabalho tão bem feito. Aplausos tão longos e intensos que me fizeram desejar ser eu ali em cima do palco, desejar ser meu um trabalho tão perfeito e lindo como aquele.


Saimos do teatro com um sentimento de satisfação plena, e vontade de estudar e nos dedicar cada vez mais para nos tornarmos um deles. Quem sabe daqui a pouco sou eu que estou lá!

domingo, 10 de abril de 2011

As centenárias


Texto: Newton Moreno
Direção: Aderbal Freire-Filho
Elenco: Marieta Severo, Andréa Beltrão, Sávio Moll

Esse final de semana só consegui assistir uma peça, mas valeu muito a pena! Fui hoje com alguns amigos da CAL assistir "As centenárias" no teatro João Caetano, no Centro.
"As centenárias" conta a história de duas senhoras carpinteiras que passam a vida frequentando velórios no interior do Nordeste, confortando e alegrando o povo com suas histórias. Zaninha, a mais nova, se espelha em Socorro e deseja seguir com ela percorrendo velórios. Mas para isso, Socorro exige que Zaninha tenha um filho, para assim aprender a ter medo da perda e respeito a morte. Exigência cumprida, as duas seguiram em frente, sempre driblando o poder da morte, que insistia em atravessar suas vidas.

O cenário é bem simples, circular, com a presença constante do caixão e cercado por cadeiras, que eram modificadas de lugar para mudar a cena. Atrás, um grande paredão composto por bonecos de pano, que serviam como os "defuntos" de cada cena de velório, o que torna a peça, que tem tudo para ser pesada, em uma comédia agradável e divertida. As mudanças de cenário são feitas por um "homem" (
Sávio Moll), que se torna parte do cenário, elemento constante e indispensável para o andamento da peça. A iluminação fantástica, muito bem acompanhada pela trilha sonora que dá ritmo e dinamismo a peça.
A história é contada com ajuda de elementos que são irreais, como fantoches, bonecos gigantes que ganham vida e se movem com ajuda dos atores.
Tanto Marieta Severo (Socorro), quanto Andrea Beltrão (Zininha) se mostram maravilhosas, e super a vontade em cena. Seus sotaques, gestos, formas de andar, sentar, tudo muito leve e introsado, também interpretando o cangaceiro Lampião, um coronel traído e uma viúva inconsolável. Elas provocam a risada da platéia sem nenhum esforço! Quando contracenam com bonecos manipulados por elas mesmas, são fantásticas, e conseguem se tornar dois personagens ao mesmo tempo aos olhos do público. Sávio Moll, interpretando sempre através dos bonecos, é rápido, extremamente preciso nas mudanças no cenário e magnífico em suas atuações, como a "morte". O texto é encantado, nos levando a um mundo mágico de fantasia, ilusão e realidade misturadas de forma perfeita e bem dosada.
Fazendo apenas uma ressalva, adoro o teatro João Caetano, mas acho q como essa peça tem muitos detalhes de expressão e gestos, acho q merecia um espaço menor e mais íntimo.

"As centenárias":  fantasia e realidade, que ajudam a contar uma história baseada na morte, de uma forma divertida e encantadora.

domingo, 3 de abril de 2011

A escola do escândalo


Texto: Richard Brinsley Sheridan
Adaptação e direção: Miguel Falabella
Elenco: Ney Latorraca, Maria Padilha, Jacqueline Laurence, Bruno Garcia, Guida Vianna, Bianca Comparato, Rita Elmôr, Edi Botelho, Chico Tenreiro, Armando Babaioff

E pra fechar muito bem o final de semana, hoje fui assistir "A escola do escândalo" com o meu irmão Marquinho, no teatro Tom Jobim. É a história de um casal, em crise. Ela é uma ex-camponesa ambiciosa. Ele é um burguês enriquecido, com o título de comendador. Ao redor, muitas situações que envolvem duplicidade de caráter, heranças e seduções. Miguel Falabella trabalhou o clássico de Sheridan por anos para chegar a uma encenação atual; o original tem cerca de sete horas, 23 personagens e cinco atos.

Logo de cara percebemos o cuidado com os detalhes e com o glamour. As cortinas vermelhas e a moldura do palco mostram isso, já nos levando ao clima daquela época. Ney Latorraca inicia narrando a história, com uso de versos deliciosos, e ao longo da peça, os próprios personagens vão apresentando as cenas, localizando onde a cena se passará.  A narrativa está em harmonia com a história. O cenário é simples, com poucas trocas, porém muito luxuoso em seus imensos lustres e espelhos. Um ponto alto e que deu charme e encanto são os 3 sistemas giratórios no piso do palco, que dão movimentos circulares aos personagens. O tetro de hoje volta a usar artifícios de palco muito comuns no teatro grego! O figurino e maquiagem muito marcantes, chamando bastante atenção em suas perucas diversas, roupas bordadas e com riqueza de cores, e maquiagem carregada. O texto com a preocupação do linguajar rebuscado da época, porém tratando de um assunto tão atual, de toda essa relação de falsidade, ganância entre outras relações do homem. A comédia em si é bem sutil, e acho que cabia uma "pitada" maior de sarcasmo e menos pudor, uma vez que a peça e os personagens são fortes e intensos, tendo maior destaque do que o próprio texto. O que senti é que, para uma peça que tem o escândalo no nome, o escândalo mesmo foi mostrado só no final. Ney Latorraca  (comendador Pedro Atiça) e Maria Padilha (Rosália), são um casal em introsado no palco, ela como uma nova rica, mulher fútil e deslumbrada que sai do campo para a corte e só quer saber de gastar o dinheiro do marido, com todo tipo de futilidade. O comendador é o único que não cultiva o hábito da fofoca - é o homem de caráter que difere dos demais por não sucumbir à maldade. É tio de Maria (Bianca Comparato), cuja mão é disputada por um jovem bom, Carlos (Armando Babaioff) e outro mau caráter, José, seu irmão (Bruno Garcia). Dona Benferina (Rita Elmôr), tia dos dois, se dedica a acabar com a reputação de Carlos, com a ajuda de outros personagens que adoram intriga, como Dona Cândida (Jacqueline Laurence). Todos estão muito bem na peça e preparados, mas merecem seu destaque Ney Latorraca, Jacqueline Laurence e Bruno Garcia, já tão consagrados, e Armando Babaioff que surpreende! A mensagem da história não é previsível. Contrói o tempo todo uma linha de pensamento moral, e termina por destruir o que seria o final feliz, fazendo da peça mais interessante por torná-la mais humana.
Para "A escola do escândalo" só faltou o que chamo de "pimenta" maior, mas de resto, ela é maravilhosa.

Definitivamente, um ótimo final de semana cultural!!

sábado, 2 de abril de 2011

Maria do Caritó

Elenco: Lilia Cabral, Leopoldo Pacheco, Dani Barros, Fernando Neves, Silvia Poggetti
Texto: Newton Moreno
Direção: João Fonseca
Cenografia: Nello Merrese
Iluminação: Paulo César Medeiros
Produção: Gabriela Mendonça, Maria Siman

Ontem finalmente fui assistir a peça "Maria do Caritó" com uma amiga, Carol Gatto, no teatro dos Quatro. Depois de adiarmos por 3 vezes, conseguimos! E é com ela que vou iniciar o meu blog! 
É a história de uma mulher que foi prometida por seu pai a um santo e, por isso, é vista pelo povo como uma santa intocável, que realiza milagres. Só que ela, beirando aos 50 anos, já não aguenta mais viver sozinha e mesmo com tantos obstáculos, não desiste de ir a procura do seu grande amor.

Newton Moreno teve uma sensibilidade louvável ao conseguir fazer uma comédia tão leve e encantadora. Durante toda a peça, o sorriso é presente no rosto da platéia. Alegre e melancólica, a integração do circo com o teatro é feita de uma forma deliciosa. O uso de cartazes no início para apresentar o elenco e outros responsáveis é genial! A forma como é feita, integrado com elementos da história é fantástica. O cenário, muito bem valorizado pela iluminação, é bem característico e simples, e transmite a mesma alegria do texto. A troca de cenário é bem divertida, irreverente e perfeitamente coreografada, integrando muito bem a peça.O figurino lindo! Muito preocupado com os detalhes, que na minha opinião, fizeram toda a diferença. As tornozeleiras nas meninas, as cores e misturas das roupas, tudo muito bem dosado e divertido. A sonoplastia é muito bem cuidadosa, delicada, e a integração dos atores que não estão na cena ao cenário é bem feita e digna de aplausos. João Fonseca consegue usar muito bem as possibilidades e a liberdade que o teatro permite.Os atores estão bem introsados, eles estão felizes e confortáveis... muito a vontade com aquilo que estão vivendo. Lilia Cabral é iluminada! Transmite carisma e simpatia o tempo todo, com seu brilho no olhar tão encantador. Consegue arrancar muitas risadas da platéia com sua saga para perder sua virgindade! Consegue divertir e emocionar com a mesma intensidade. Leopoldo Pacheco (Amatoli, José e Coronel) se mostra ótimo e engraçado em seus papéis. Silvia Poggetti (Fininha, dona Cosma e eventual Mãe) e Fernando Neves (Cigana e Pai) são dois queridos, trasmitindo carisma e delicadeza em cada gesto... estão esplêndidos! Dani Barros (Noiva, Ex-defunta, Maria Ardida e Galinha Damiana, além de tocar muitos instrumentos) é genial. O que é ela de galinha? Ela dá o toque especial na peça, é a cereja do sundae! 
Todos os movimentos, gestos, tudo muito cuidadoso e ensaiado, todos os atores muito competentes.
"Maria do Caritó" é uma peça que transmite a nobreza da arte do teatro!

Não poderia ter feito melhor escolha pra iniciar meu blog... valeu a pena esperar!